A cor do cimento e a cor do concreto

1 de setembro de 2009

A cor do cimento e a cor do concreto

A cor do cimento e a cor do concreto 150 150 Cimento Itambé

Estudos científicos do material comprovam que é mito acreditar que quanto mais escuro o cimento mais resistente ele é

Créditos: Engº. Carlos Gustavo Marcondes – Assessor Técnico Comercial Itambé

Ponte Sobre o Rio das Antas, no Rio Grande do Sul: exemplo de concreto aparente

Ponte Sobre o Rio das Antas, no Rio Grande do Sul: exemplo de concreto aparente

O cimento mais escuro é melhor ou pior que o cimento mais claro? Como a cor do cimento influencia na cor do concreto? O que provoca a diferenciação de cor em um concreto aparente? O que a cor do concreto pode “dizer sobre ele? Estas são algumas perguntas curiosas a respeito de um dos materiais mais utilizados no planeta: o cimento.

É comum a associação da cor do cimento à sua resistência. Comumente se diz que quanto mais escuro o cimento mais resistente ele é. Será? A resposta é não. A cor do cimento não interfere na qualidade do produto. Isto porque o produto respeita diversas normas técnicas para ser produzido e comercializado – e estas devem ser cumpridas pelos fabricantes a fim de respeitar o código de defesa do consumidor.

A cor do cimento está basicamente relacionada com a origem de suas matérias primas (calcário, filito, quartzito e magnetita) e adições (gipsita, cinza pozolânica, escória de alto-forno e fíler calcário).

As cinzas pozolânicas, por exemplo, possuem diversas tonalidades em função dos óxidos metálicos que contêm e podem, por isso, ter colorações que variam desde o esbranquiçado até ao cinzento-escuro, incluindo variedades avermelhadas e rosa, alterando assim a cor do cimento.

As diferenças de tonalidades do cimento vão de um cinza mais claro para um mais escuro e até mesmo um cinza esverdeado ou puxando para o marrom. E como cada fabricante possui um fornecedor diferente de matérias-primas, um mesmo tipo de cimento pode apresentar diferentes tonalidades de acordo com o fabricante. Logo, em uma obra com concreto aparente é recomendável a utilização de apenas um tipo e marca de cimento de um mesmo fabricante.

Cuidados com o concreto aparente para uma coloração homogênea

Quando se confecciona o concreto aparente, ou seja, sem pintura ou revestimentos, busca-se obter um concreto com coloração homogênea. Para isso, alguns cuidados são necessários:

* O excesso de água, além de provocar eflorescência, deixa o concreto mais claro do que aquele com fator água/cimento baixo. Assim, é importante que na dosagem seja mantido o mesmo fator água/cimento para garantir uniformidade de cores.

* A proporção dos materiais componentes do concreto pode influenciar também na sua coloração. Por isso, deve-se obedecer a um rigoroso critério. É preferível a utilização de balanças para dosar o concreto ao invés de fazê-lo por volume (caixas, pás, baldes etc.).

* A mistura do concreto deve garantir a perfeita homogeneidade do produto final, para evitar diferenças de tonalidades entre uma mistura e outra.

* Embora os agregados influenciem pouco na cor do concreto, cuidados quanto à seleção de baixos teores de materiais pulverulentos, controle de granulometria e homogeneidade dos agregados sempre se faz necessário. O ideal é não mudar o fornecedor durante o período de consumo de concreto pela obra.

* Um fator que também pode influenciar na coloração é a variação no processo de cura. A falta de cura resulta em um concreto poroso e isto pode causar eflorescências, que se manifestam por meio de manchas esbranquiçadas na superfície do concreto. As eflorescências são depósitos de sais na superfície do concreto. Normalmente estes são removidos com ácido clorídricos diluídos em água e, de acordo com Adam Neville, quando as eflorescências são removidas com este ácido a superfície do concreto pode tornar-se mais escura.

* Outro defeito superficial no concreto aparente é o surgimento de manchas escuras de forma irregulares, visíveis conforme a direção da luz. Sua origem é completamente diferente das eflorescências. São compactos de pasta de cimento quase sem poros e podem estar relacionados à agregação de partículas grossas de cimento, pouco hidratadas, em locais onde o fator água/ cimento é muito baixo. Trata-se de falta de hidratação e, portanto, de produção de hidróxido de cálcio, que resulta uma cor mais escura.

O concreto também pode ter sua coloração alterada devido ao ataque por sulfatos. As consequências do ataque por sulfatos não compreendem somente a desagregação por expansão e fissuração, mas também a perda de resistência do concreto devido à perda de coesão na pasta de cimento e à perda de aderência entre a pasta de cimento e as partículas de agregado. Os concretos atacados por sulfatos têm uma aparência esbranquiçada característica.

Por último, os concretos com agregados silicosos ou calcários mostram uma mudança de cor, com relação à temperatura. Como essa mudança é devida à presença de certos compostos de ferro, são diferentes as respostas dos diversos concretos. Esta mudança de cor é permanente, de modo que a temperatura máxima atingida durante um incêndio, por exemplo, pode ser estimada posteriormente. Como curiosidade, a sequência de cores é aproximadamente a seguinte: rosada ou vermelha, entre 300ºC e 600ºC; cinza, até cerca de 900ºC, e amarela, acima de 900ºC.

Assim, a resistência residual do concreto pode ser aproximadamente avaliada e, geralmente, é suspeito o concreto cuja cor tenha mudado para além da rosada e além da cor cinza, pois o concreto provavelmente estará friável e/ou poroso.

Como se pode perceber, existem diversos cuidados a serem adotados para que o concreto não tenha divergências de tonalidades. Mesmo o concreto aparente sendo confeccionado dentro das melhores práticas, é recomendável algum tipo de tratamento superficial com produtos específicos para esta finalidade, a fim de facilitar a manutenção e evitar o acúmulo de fuligens provenientes do tráfego de automóveis.

Referências Bibliográficas:

NEVILLE, Adam M. – Propriedades do Concreto – São Paulo: PINI, 1997.
ISAIA, Geraldo C. – Concreto: Ensino,Pesquisa e Realizações -São Paulo: IBRACON, 2005.

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 -Tempestade Comunicação

1 de setembro de 2009

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