Empresas que operavam ancoradas no Minha Casa Minha Vida tiveram que se adaptar à nova realidade econômica e ajustar empreendimentos
Por: Altair Santos
A situação econômica do país rearranjou o ranking das 100 maiores construtoras do país, divulgado anualmente pela ITC Consultoria. Subiram na lista empresas que passaram a adotar modelos alternativos, como o consórcio de imóveis. Também consolidaram suas posições aquelas que mantiveram recursos para apostar no marketing do primeiro imóvel, mesmo com a redução no volume de recursos do Minha Casa Minha Vida. Neste caso, a opção para continuar atraindo compradores foi investir no financiamento próprio, como é o caso da MRV, que se manteve no topo da lista.
Segundo Viviane Guirao, consultora em pesquisa de mercado da ITC Consultoria, para compor a 12ª edição do ranking contabilizou-se 2.285 obras espalhadas em todo território nacional, nos segmentos residencial, comercial e industrial – exceto obras de infraestrutura. “Comparado ao período 2014-2015, foi verificado um declínio de 20%, em média, no volume de obras, o que resultou também na redução do total de metros quadrados individuais da maioria das construtoras, salvo algumas exceções”, disse a analista. O volume de m² das obras avaliadas chegou a 62 milhões.
Essa queda na quantidade de obras está diretamente relacionada com a desaceleração nos investimentos do Minha Casa Minha Vida. “Muitas obras do programa foram adiadas, ou até mesmo paralisadas, devido à falta de repasse dos recursos do governo federal. As construtoras que atuavam principalmente nesse segmento tiveram que se adaptar à nova realidade econômica e ajustar seus empreendimentos para um novo público”, comentou Viviane Guirao.
As que mais cresceram no ranking
Entre as empresas que mais avançaram casas no ranking está a Rodobens Negócios Imobiliários, que subiu 19 posições e alcançou a 12ª colocação. Fundada em São José do Rio Preto-SP, a construtora e incorporadora chegou à marca de 166 empreendimentos lançados em todo o Brasil e atua em 53 cidades de 11 estados brasileiros. São mais de 63 mil unidades construídas, somando 5,5 milhões de m². “Em um ano com cenário desafiador, como foi o de 2015, conquistar o 12º lugar entre as 100 maiores empresas do setor respalda nossa estratégia”, afirmou Amilton Nery, no dia da premiação, e que é diretor-comercial da Rodobens, cujo foco está nos consórcios para habitações populares.
Nenhuma construtora avançou tanto na recente edição do ranking das 100 maiores que o Grupo Pacaembu. A empresa opera no interior de São Paulo e subiu da 36ª para a 5ª posição. Sua expertise são unidades horizontais para população de baixa renda. Nenhuma casa custa mais de R$ 100 mil e todos os conjuntos habitacionais são iguais. A produção é em larga escala e a lucratividade se dá no volume de vendas. Desde o lançamento do Minha Casa Minha Vida, o Grupo Pacaembu já comercializou 41.949 unidades.
Foram políticas arrojadas e procedimentos anticíclicos que o ranking da Consultoria ITC detectou como os movimentos bem-sucedidos em 2015. No entanto, os analistas entendem como casos isolados. A maioria teve queda de produtividade e isso refletiu na perda de posições. Por isso, a ITC defende uma política urgente para a retomada do crescimento na construção civil. “Algumas ações já fariam a diferença, pois o setor é um dos pilares que sustentam a economia do país e há a necessidade de uma reação imediata do governo”, finaliza Viviane Guirao.
Confira aqui as 100 maiores construtoras do ranking
Veja aqui as vencedoras por categoria
http://rankingitc.com.br/categorias-vencedoras-ranking-itc-2015/
Entrevistada
Viviane Guirao, consultora em pesquisa de mercado da ITC (Inteligência Empresarial da Construção)
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Crédito Foto: Divulgação